Thursday, November 16, 2006

A Sul - 25 de Setembro

Pinceladas

Bragança vai acolher temporariamente a sede da Fundação Rei Afonso Henriques em Portugal. Trata-se de uma instituição privada com participação pública criada em 1994, cujo objectivo principal é contribuir para o bem estar das gentes do vale do Douro, bem como, aprofundar as relações culturais, sociais e económicas entre a região e a comunidade de Castela Leão. Foi a grande responsável pela candidatura e posterior classificação do Douro Vinhateiro como Património Mundial por parte da UNESCO. Teve sedes em Zamora e até aqui no Porto. A falta de espaço na Invicta permitirá o seu funcionamento provisório em Bragança. Jorge Nunes, presidente da Câmara, disponibilizou instalações e adianta que vai entrar na disputa sobre a localização definitiva da sede.
Louva-se a possibilidade de deslocalização do organismo para esta cidade. Teme-se que a sua permanência seja acompanhada da perda de importância e dinamismo, fruto da diminuição de verbas e quadros, como nos foram habituando na chamada descentralização de alguns serviços.

O debate da 5ª Convenção da Euromontana que decorreu de 14 a 16 de Setembro em Chaves centrou-se nos desafios e oportunidades de desenvolvimento das áreas montanhosas e do mundo rural. Os grandes obstáculos ao desenvolvimento foram claramente diagnosticados e são, entre outros: a desertificação, as dificuldades da agricultura, o isolamento das populações e a necessidade de atrair pessoas.
As soluções apresentadas foram muitas: a aposta na Internet em banda larga, enorme aliado na mudança da qualidade de vida e na atractividade; a importância da promoção da imagem destas regiões e dos seus produtos locais, paisagem e herança cultural; a recompensa aos agricultores que cuidam do ambiente e da paisagem e que, entre outros "benefícios públicos", ajudam a evitar a degradação do património natural e evitam a probabilidade de incêndios.
São propostas que dificilmente veremos concretizadas a contar com o até aqui realizado. O encerramento de serviços públicos e das maternidades no interior é um claro sinal de que o Governo de Portugal nada quer fazer para atenuar os desequilíbrios regionais e a concentração de serviços no litoral e nas grandes cidades só aumentará o fosso que nos separa do resto do país.

No regresso às aulas o que se pede é tranquilidade. Dispensam-se os muitos "guerrilheiros" que aparecem à frente dos microfones e dos cadernos dos jornalistas e vociferam disparates vários. Apelam ao fecho e abertura de estabelecimentos escolares, ao boicote às aulas com a utilização das incautas criancinhas para reivindicar não se sabe bem o quê e que têm como única consequência incendiar ânimos e perturbar o acto educativo. Do outro lado da barricada, a administração escolar ajuda à gritaria, sempre predisposta a ripostar com críticas aos professores, aos pais e aos municípios. Para aumentar a confusão produz novas reformas, carradas de legislação confusa, modifica as regras e os procedimentos. Quando se espera motivação dos actores, alunos e professores, semeiam-se desânimos, frustrações e entropia geral. No meio da confusão surgem ainda dirigentes sindicais a contribuírem para a balbúrdia geral.
Em tempo de indefinições, o mais importante para as escolas seria a clareza de processos e, primordialmente, o silêncio e a serenidade. Calem-se todos um pouco: pais, dirigentes escolares e sindicais, especialistas e outros que tais e deixem os professores ensinar e as crianças aprender.

A recente polémica que envolve o Bento XVI e o Islão põe em evidência a tónica de intolerância e fanatismo que ao longo dos séculos a religião colocou no relacionamento humano. O Papa citou o imperador bizantino Manuel II Paleólogo no diálogo com um persa: "Mostra-me então o que Maomé trouxe de novo. Não encontrarás senão coisas demoníacas e desumanas, tal como o mandamento de defender pela espada a fé que ele pregava". Ao mesmo tempo que criticava os métodos próprios e alheios, antigos e actuais, explicava a irracionalidade das imposições e conflitos religiosos. As palavras com mais de seiscentos anos do imperador são esclarecedoras para as perversidades praticadas em nome de Deus, não só o islamismo. A necessidade humana do recurso ao divino, a proclamação doutrinal de justiça, paz e amor, as obras sociais meritórias, propaladas pela fé dos homens, não poucas vezes, são obscurecidas pelos sinais de intolerância entre crenças. Em nome de Deus justificaram-se todo o tipo de iniquidades, intolerâncias e mortandades.
A diferença fundamental entre as civilizações condicionadas pelas diferentes religiões, neste choque civilizacional, tem sido o crescimento, a ocidente, da laicização e da separação do sagrado e do profano “a Deus o que é de Deus e a César o que é de César”. Caso contrário não se teriam atingido os níveis de modernidade actuais expressos na melhoria de condições de vida, na liberdade e igualdade dos indivíduos.

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