Thursday, November 16, 2006

A sul - 9 de Outubro

Abrir a porta do desenvolvimento por fora

Os cinco concelhos que constituem a Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana: Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães, Macedo de Cavaleiros, Mirandela e Vila Flor vão criar uma sociedade de capital de risco, “uma espécie de garantia bancária” para ajudar empresas que queiram estabelecer-se naquela área geográfica. Esta será uma estratégia para tentar atrair mais investimento. Para já vão avançar com um milhão de euros para arranque da sociedade, prometendo que, se for preciso, não vai faltar dinheiro...
Os senhores presidentes da Câmara querem assim atrair empresas que produzam investimentos nos concelhos abrangidos e criem riqueza, fomentem o emprego e potenciam o desenvolvimento do interior.
Parece-me errada esta posição paternalista e burocrática de tentar abrir a porta do desenvolvimento por fora. As verdadeiras empresas que interessarão não são aquelas que procuram uma compensação imediata, mas cujos investimentos assentem em bases duradouras e em projectos sólidos e estáveis. São muitos os casos exemplares da falência e deslocalização de empresas no país e também na região que receberam fortes incentivos do poder central ou local.
A união de esforços deve visar a reivindicação dos investimentos públicos necessários da administração central que tardam em concretizar-se e congregar vontades com as instituições de ensino superior para privilegiar a dimensão imaterial do investimento com uma forte aposta em formação e inovação. Por último há que contar definitivamente com as potencialidades próprias, pois o desenvolvimento do interior depende essencialmente dos seus habitantes.

Um caso inacreditável

Uma parturiente do concelho de Carrazeda de Ansiães assistida no Centro de Saúde Local foi enviada pelo médico de serviço para a maternidade de Vila Real por opção daquela (esta cidade dista setenta quilómetros, Bragança situa-se a cem). O INEM informado do caso deu instruções ao motorista dos bombeiros que devia seguir o trajecto até Mirandela, obrigando a um aumento do percurso em cerca de quarenta quilómetros. Aí assistiu a mulher em trabalho de parto dentro da viatura dos bombeiros quando se encontrava a cerca de dois minutos do hospital mirandelense que tem um enfermeiro especialista permanente para este tipo de situações. Após a intervenção dos técnicos de saúde, a senhora acabaria por tomar a direcção de Vila Real.
Acrescente-se, que a mulher vive numa aldeia, a uma boa dúzia de quilómetros da sede da vila, onde os bombeiros locais a foram buscar por estrada sinuosa.
Como entender: O desacerto dos serviços de saúde? A desautorização do médico em serviço no Centro de Saúde de Carrazeda de Ansiães? A parturiente ser obrigada a deslocar-se a Mirandela e a dois minutos do Hospital local receber os cuidados necessários na ambulância que a transportava?
Alguém ainda tem coragem de ter filhos no interior do país!?

Multas

De há uns tempos a esta parte, os carrazedenses estão a assistir a formas de policiamento e de postura dos agentes da autoridade contrários aos que perduraram durante décadas.
São públicas e notórias a quantidade de multas passadas. O pior é que os autuados apenas têm conhecimento delas, semanas depois da infracção e por carta registada. Fala-se cerca de uma centena de cartas enviadas num mesmo dia, mil e cem no total, relatam os jornais, quase uma por habitante.
A fiscalização é quase em exclusivo efectuada em viaturas chegando-se ao caricato da perseguição com as sirenes ligadas a cidadãos que não colocaram o cinto de segurança.
Há locais na vila predeterminados em que por hábitos criados ou por deficiente sinalização são “apanhados” em infracções às dezenas sem que haja medidas de esclarecimento e períodos de tolerância.
Os casos relatados criam perplexidades, revolta e indignação nos residentes da vila. Por todo o lado circulam rumores de intolerância e excesso de zelo

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