A sul - 6 de Novembro
A crise na Casa do Douro condicionará o desenvolvimento da região do Douro
A Casa do Douro nasce em 1932 com o regime corporativo e é por este encarregue de proteger e disciplinar a produção. Foram-lhe atribuídos poderes, entre outros, de distribuir o benefício e fiscalizar o vinho na região demarcada do Douro. Constitui-se como um sustentáculo da vitivinicultura duriense, pois era o garante do escoamento da produção dos seus associados, na sua maioria pequenos agricultores. De há uns anos a esta parte, a sua importância tem diminuído. A primeira machadada foi dada em 1995 quando foi criada a Comissão Interprofissional da Região Demarcada do Douro (CIRDD), no qual tinham assento, em situação de absoluta paridade, os representantes da lavoura e do comércio, com o objectivo comum de disciplinar e controlar a produção e comercialização dos vinhos da região. Este modelo veio a sofrer nova alteração em 2003 e foi substituído por um Conselho Interprofissional integrado no Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP). Em termos formais, e conforme estabelece a sua Lei Orgânica, a missão do IVDP é a supervisão da viticultura duriense cabendo-lhe a certificação dos vinhos e a disciplina do sector.
A perda de influência da estrutura associativa está também directamente relacionada com o aumento da concentração da produção do vinho do Porto. No presente, cinco grandes grupos controlam cerca de três quartos (73 por cento) de um negócio que em 2005 se cifrou em 405 milhões de euros. Os grandes grupos estão a assenhorear-se sobretudo de propriedades de alto valor, reforçando a produção própria dos vinhos destinados às categorias especiais (vintage, late bottled vintage e "Porto" com indicação de idade, produtos que estão a ganhar um peso crescente nas vendas globais). Para as categorias especiais, os "grandes" recorrem cada vez mais à produção própria; e, para os vinhos comuns, compram aos pequenos viticultores individuais e às cooperativas que acolhem as pequenas produções de muitos dos produtores durienses, a maior parte deles com colheitas inferiores a cinco pipas/ano (2500 litros). Daqui decorre um abaixamento dos preços pagos à produção (uma pipa de 550 litros está a ser vendida entre os 825 e os 900 euros, preços praticados há dez anos atrás). Esta concentração do negócio dos vinhos da região demarcada desde a produção à comercialização é também visível na diminuição dos comerciantes com dimensão acima da média, de 61 em 1999, para apenas 46 no ano passado.
Actualmente a Casa Do Douro representa 40 mil viticultores e está esvaziada das anteriores funções que lhe forneciam mais valias e importância estrutural. A situação piora com o endividamento brutal fruto da aquisição de 40% das acções da Real Companhia Velha, encorajado pelo governo de Cavaco Silva e sucessivas gestões ruinosas. A dívida total da instituição atinge os 127 milhões de euros. Não estando autorizada a realizar capital com a venda de vinhos em estoque para não desestabilizar o mercado e não obtendo ajuda financeira governamental, a instituição está num beco sem saída, cuja maior visibilidade é o não pagamento aos seus funcionários.
Muita da população a viver no Douro é proprietária de pequenas explorações e sempre tiveram o guarda-chuva da segurança enquanto associados numa estrutura forte como era a Casa do Douro. A reorganização do sector por parte da administração central não soube acautelar os interesses dos pequenos em detrimento dos grandes. O decréscimo da importância da instituição duriense, e até o seu propalado desaparecimento, agravará os condicionalismos que sofre a região.
De uma rajada, organizaram-se dois eventos em Carrazeda de Ansiães pretensamente para planificar o nosso desenvolvimento colectivo. Foram eles o “Fórum Participativo da Agenda 21 Regional do Nordeste Transmontano” também realizado em oito municípios do distrito de Bragança que pretende identificar áreas prioritárias de investimento para organizar um plano de acção de desenvolvimento local e regional. Um outro encontro dos “Municípios de Áreas Rurais de Baixa Densidade”, cujo principal objectivo é “ganhar voz junto do poder central”. O rescaldo vai para o aplauso sobre as boas intenções das iniciativas. Só que… os autarcas e os técnicos ficam a falar e a confraternizar uns com os outros, pois os agentes de desenvolvimento, os jovens e demais parceiros essenciais não são mobilizados. Como Ricardo de Magalhães, vice-presidente da Comissão Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte, também participante, referiu “os parceiros da sueca são sempre os mesmos” e assim não se vai a lado nenhum.
O New York Times refere que, no papel de língua materna, o português é mais falado do que o francês, o alemão, o italiano e o japonês: A língua de Camões é falada, no presente, por mais de 230 milhões de pessoas, dos quais cerca de 80 por cento são brasileiros. O “português com açúcar”, como chamou Eça ao “sotaque” brasileiro é a grande força do idioma luso. Menosprezar esta realidade que passa também pelos países africanos de Língua Oficial Portuguesa é diminuir uma língua que nos une.
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