Thursday, February 01, 2007

A sul - 29 de Janeiro 2007

Armazéns do vinho do Porto não vêm para a Régua

A proposta do deputado socialista de Vila Real de tentar deslocalizar as caves de Gaia para a Região Demarcada do Douro não reuniu consenso no Grupo Parlamentar do PS. Jorge Almeida contestava que dos “400 a 500 milhões de euros que os vinhos desta região fazem em média por ano, apenas um terço fica na zona onde são produzidos”. Para contrariar esta tendência defendia a alteração do processo do ciclo do Vinho do Porto para que, “numa década, o principal da stockagem, lotagem, envelhecimento, engarrafamento, expedição e comercialização passem a ser feitos na e a partir da Região”. O grupo de deputados do PS/Porto conseguiu que a direcção da bancada socialista aceitasse a proposta alternativa que elimina a expressão “deslocalização” e refere apenas a hipótese de o Governo avaliar a concessão de “incentivos às empresas de forma a aumentar a capacidade instalada da fileira do Vinho do Porto, na Região do Douro”. Os deputados do PS/Porto impediram desta maneira a aprovação na Assembleia da República da transferência das Caves do Vinho do Porto situadas em Gaia para a cidade da Régua. A proposta nem sequer foi levada ao Plenário e discutida pelos outros partidos.
A cidade da Régua, também chamada "coração" do Douro, é sem dúvida o local ideal para se situarem os armazéns. A razão histórica da localização dos armazéns do vinho do Douro na cidade do Porto e de Gaia deve-se essencialmente ao facto de estar próximo do mar e assim ser facilitado o transporte dos vinhos licorosos por barco. A região produtora, à altura, ficava a muitas horas de distância. A permanência dos vinhos nos grandes tonéis das Caves de gaia veio trazer ainda uma outra benfeitoria ao néctar do Douro, a de que as temperaturas do clima do litoral, mais amenas e húmidas melhoravam os licores. Actualmente, com as novas tecnologias, nada justifica a permanência e o transporte do vinho que tomou o nome da cidade Invicta para estes locais. A sedeação dos armazéns na Régua poderiam constituir uma mais valia para a cidade e em consequência para a região com um possível aumento dos postos de trabalho e a capitalização de mais recursos turísticos para trazer pessoas ao território vinícola. A posição do PS/Porto, política, prepotente e discricionária para a região, é incompreensível e prova à saciedade a falta de solidariedade de uma região desenvolvida e forte para com uma outra deprimida, como é a do Alto Douro, fazendo valer a sua força política para negar direitos mais que justos.

"Bairrismos serôdios"

Os jornais divulgaram a notícia da duplicação do número de parturientes do distrito de Bragança que procuram o Centro Hospitalar de Vila Real/Régua. O fenómeno surgirá na sequência do encerramento da maternidade de Mirandela. Esta cidade e Carrazeda de Ansiães serão os concelhos que mais recorrem aos serviços hospitalares de Vila Real, não estando os respectivos serviços hospitalares a encaminhar as grávidas para Bragança. Este facto para o senhor director clínico do Centro Hospitalar do Nordeste, é sinónimo de “bairrismo serôdio”, que alega que, depois do encerramento da maternidade de Mirandela, era para Bragança que deveriam ser encaminhadas as grávidas.
Desconhecerá o senhor director que grande parte das parturientes do sul do distrito fica mais perto da maternidade de Vila Real e mesmo para Mirandela é igual a distância? Cremos sinceramente que a opção da sedeação d maternidade em Bragança foi um perfeito disparate, a decisão está prenhe de centralismo distrital, a que se acrescenta uma visão estreita, e bem poderia chamar-se "bairrismo serôdio". Mirandela era mais central, tinha melhores condições e mais hipóteses de manter uma sala de partos no âmbito geográfico do distrito. Assim, mais tarde ou mais cedo, a maternidade de Bragança acabará por fechar!...

Miguel Torga

Iniciaram-se as comemorações do centenário do nascimento de Miguel Torga. O autor dos “Contos da Montanha” simboliza como nenhum outro a especificidade da cultura transmontana, sendo a sua obra uma forte afirmação do sentir e do ser transmontano nas múltiplas valências que aportam mais valia à concepção de uma humanidade mais liberta e fraterna. Neste espaço global é importante a afirmação da diversidade e a interculturalidade e assim torna-se importante conhecer e dar a conhecer Miguel Torga, pois ao mesmo tempo que se contribui para criar uma identidade própria, é também um ponto de partida para universalizar valores fundamentais para um mundo melhor. Num tempo de tantos condicionalismos para a região, a sua voz continua a bradar: “E os passos que deres, / Nesse caminho duro / do futuro, / Dá-os em liberdade /"Enquanto não alcances, / Não descanses. / De nenhum fruto queiras só metade.”

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